26/09/2015

PALADAR APURADO

IMG_5391

Gil Lebre Abbade, o melhor sommelier de cervejas do Brasil, segundo o Instituto da Cerveja Brasil (ICB), fala com exclusividade para a Revista Jorge Bischoff sobre essa profissão que mistura paixão e bom gosto. Deguste o bate-papo inédito na íntegra:

­Quando e como surgiu a vontade de ser sommelier?

Quando fiz os cursos de especialização vi que a profissão tinha tudo a ver comigo, pois sempre gostei de analisar sensorialmente a bebida e compartilhar meus conhecimentos. Mas o despertar que eu precisava veio com a consagração como campeão do Campeonato Brasileiro de Sommelier de Cerveja, que me mostrou que é isso que eu queria fazer para o resto da vida.

­Como você se formou sommelier?

Fiz o curso de Sommelier de Cervejas na Associação Brasileira de Sommeliers (ABS­SP), em aulas ministradas pela escola cervejeira Instituto da Cerveja Brasil (ICB). E na sede do ICB eu fiz o Mestre em Estilos de Cervejas.

­Por que escolheu se especializar em sommelier de cerveja?

Primeiro vem o apreço pela cerveja. Fazer cursos é um passo natural da maioria dos apreciadores. Muitos enveredam para o lado da produção da cerveja e outros para a sommelieria, mas nada impede que façam ambos. Eu me encontrei mais como sommelier do que como produtor. E os amigos que já seguem essa profissão também me inspiraram a ir por esse caminho.

­Como é ser sommelier de cervejas? Qual a sua rotina? Você é blogueiro também, certo? Compartilhe conosco as suas experiências:

Minha rotina é dividida entre o meu trabalho profissional, meus trabalhos como sommelier de cervejas e o blog. Ultimamente tenho conseguido me dedicar mais ao trabalho como sommelier de cervejas, em eventos de degustação, harmonização e palestras. E no blog A Perua da Cerveja eu falo sobre todos os assuntos ligados ao tema: análises sensoriais, degustações, eventos cervejeiros, lançamentos do mercado, etc. O blog vai passar por uma revitalização, portanto aguardem novidades!

Confira o blog de Gil, intitulado A Perua da Cerveja: aperuadacerveja.blogspot.com.br

aaa

 

Fale sobre a oportunidade de participar da escolha do melhor sommelier do Brasil:

O Campeonato Brasileiro de Sommelier de Cerveja surgiu ano passado. É uma realização do Instituto da Cerveja Brasil (ICB). Na 1ª edição eu tirei o 19ª lugar. Já na 2ª edição, realizada esse ano, fui campeão (risos). Com a iniciativa do ICB, o segmento ganha bastante, pois o campeonato traz em voga o profissional que degusta cervejas. A maioria das pessoas conhece o sommelier de vinho e não imagina que outras bebidas, como a cerveja, também requerem um especialista.

Como foi a experiência de participar desta seleção?

A experiência esse ano foi única, pois ganhar foi inesperado. Minha pretensão era ter uma colocação melhor que a do ano passado e conseguir uma vaga para o Mundial. Fui além e ganhei o campeonato.

As cervejas especiais estão mudando o jeito tradicional de beber cerveja, as pessoas estão aprendendo a degustar esta bebida. Por quê?

Porque as pessoas aprendem a degustar por prazer e não apenas beber por beber. Cerveja de qualidade não precisa ser apreciada em quantidade e pode fazer parte de todos os momentos da vida das pessoas.

­As cervejas especiais têm conquistado um público bem específico – o feminino. Considerando que ela sempre foi vista como uma bebida de homem, como você vê a participação das mulheres neste segmento?

Natural. A participação feminina na cerveja esteve presente desde a criação da bebida e em toda a sua história. A responsabilidade divina de “cuidar” da cerveja foi da deusa sumeriana, chamada Ninkasi. Foi a santa Hildegard von Bingen quem descobriu que o lúpulo era um conservante natural da cerveja. E por aí vai… A mulher tem os sentidos mais aguçados para analisar sensorialmente as cervejas, pois desde pequena é incentivada a ter contato com uma gama de sabores e aromas, como os ingredientes e temperos da cozinha e os produtos de perfumaria. A única barreira que ela deve vencer é a cultural, de que cerveja é coisa de homem. Mas isso está mudando, felizmente.

­ Existe algum processo diferenciado para a produção de cervejas especiais, como a Golden Queen Bee?

As informações sobre os ingredientes atestam que a cerveja só usa ingredientes nobres, como malte da Malterie du Château e lúpulo do produtor belga Luc Lagache. A cerveja foi feita de acordo com o que preconiza o estilo Belgian Strong Golden Ale. O mel foi cuidadosamente selecionado e na etapa da fermentação ele é uma fonte de açúcar para as leveduras. Os flocos de ouro devem entrar no momento do envase da cerveja, junto com o processo de refermentação na garrafa.

1

Acompanhe o Instagram @aperuadacerveja e fique por dentro dos trabalhos realizados pelo sommelier

­Primeiro, o vinho reinou absoluto no meio das bebidas finas. Agora seria a vez da cerveja? Ambas as bebidas têm papéis importantes na história da humanidade. Atualmente a cerveja está mais em voga porque as pessoas descobriram que é um universo enorme igual o vinho, que vai muito além da cerveja “estupidamente gelada”.

Você vê a cerveja como uma bebida em ascensão no mercado de luxo? Por quê?

A cerveja é versátil o suficiente para ser consumida por todo o tipo de público, entrar em todos os nichos e ocasiões. É um grande elemento para a gastronomia, reconhecida pelos melhores chefs do mundo. É uma bebida alcoólica muito democrática, que não é restringida a condições sociais, disponível para todos os gostos e bolsos. Depois de provar variadas cervejas, é impossível alguém afirmar que não gosta da bebida, a não ser por questões de saúde. Do contrário, foi a pessoa que ainda não encontrou a cerveja ideal para ela.

TAGS:

26/09/2015

PALADAR APURADO

IMG_5391

Gil Lebre Abbade, o melhor sommelier de cervejas do Brasil, segundo o Instituto da Cerveja Brasil (ICB), fala com exclusividade para a Revista Jorge Bischoff sobre essa profissão que mistura paixão e bom gosto. Deguste o bate-papo inédito na íntegra:

­Quando e como surgiu a vontade de ser sommelier?

Quando fiz os cursos de especialização vi que a profissão tinha tudo a ver comigo, pois sempre gostei de analisar sensorialmente a bebida e compartilhar meus conhecimentos. Mas o despertar que eu precisava veio com a consagração como campeão do Campeonato Brasileiro de Sommelier de Cerveja, que me mostrou que é isso que eu queria fazer para o resto da vida.

­Como você se formou sommelier?

Fiz o curso de Sommelier de Cervejas na Associação Brasileira de Sommeliers (ABS­SP), em aulas ministradas pela escola cervejeira Instituto da Cerveja Brasil (ICB). E na sede do ICB eu fiz o Mestre em Estilos de Cervejas.

­Por que escolheu se especializar em sommelier de cerveja?

Primeiro vem o apreço pela cerveja. Fazer cursos é um passo natural da maioria dos apreciadores. Muitos enveredam para o lado da produção da cerveja e outros para a sommelieria, mas nada impede que façam ambos. Eu me encontrei mais como sommelier do que como produtor. E os amigos que já seguem essa profissão também me inspiraram a ir por esse caminho.

­Como é ser sommelier de cervejas? Qual a sua rotina? Você é blogueiro também, certo? Compartilhe conosco as suas experiências:

Minha rotina é dividida entre o meu trabalho profissional, meus trabalhos como sommelier de cervejas e o blog. Ultimamente tenho conseguido me dedicar mais ao trabalho como sommelier de cervejas, em eventos de degustação, harmonização e palestras. E no blog A Perua da Cerveja eu falo sobre todos os assuntos ligados ao tema: análises sensoriais, degustações, eventos cervejeiros, lançamentos do mercado, etc. O blog vai passar por uma revitalização, portanto aguardem novidades!

Confira o blog de Gil, intitulado A Perua da Cerveja: aperuadacerveja.blogspot.com.br

aaa

 

Fale sobre a oportunidade de participar da escolha do melhor sommelier do Brasil:

O Campeonato Brasileiro de Sommelier de Cerveja surgiu ano passado. É uma realização do Instituto da Cerveja Brasil (ICB). Na 1ª edição eu tirei o 19ª lugar. Já na 2ª edição, realizada esse ano, fui campeão (risos). Com a iniciativa do ICB, o segmento ganha bastante, pois o campeonato traz em voga o profissional que degusta cervejas. A maioria das pessoas conhece o sommelier de vinho e não imagina que outras bebidas, como a cerveja, também requerem um especialista.

Como foi a experiência de participar desta seleção?

A experiência esse ano foi única, pois ganhar foi inesperado. Minha pretensão era ter uma colocação melhor que a do ano passado e conseguir uma vaga para o Mundial. Fui além e ganhei o campeonato.

As cervejas especiais estão mudando o jeito tradicional de beber cerveja, as pessoas estão aprendendo a degustar esta bebida. Por quê?

Porque as pessoas aprendem a degustar por prazer e não apenas beber por beber. Cerveja de qualidade não precisa ser apreciada em quantidade e pode fazer parte de todos os momentos da vida das pessoas.

­As cervejas especiais têm conquistado um público bem específico – o feminino. Considerando que ela sempre foi vista como uma bebida de homem, como você vê a participação das mulheres neste segmento?

Natural. A participação feminina na cerveja esteve presente desde a criação da bebida e em toda a sua história. A responsabilidade divina de “cuidar” da cerveja foi da deusa sumeriana, chamada Ninkasi. Foi a santa Hildegard von Bingen quem descobriu que o lúpulo era um conservante natural da cerveja. E por aí vai… A mulher tem os sentidos mais aguçados para analisar sensorialmente as cervejas, pois desde pequena é incentivada a ter contato com uma gama de sabores e aromas, como os ingredientes e temperos da cozinha e os produtos de perfumaria. A única barreira que ela deve vencer é a cultural, de que cerveja é coisa de homem. Mas isso está mudando, felizmente.

­ Existe algum processo diferenciado para a produção de cervejas especiais, como a Golden Queen Bee?

As informações sobre os ingredientes atestam que a cerveja só usa ingredientes nobres, como malte da Malterie du Château e lúpulo do produtor belga Luc Lagache. A cerveja foi feita de acordo com o que preconiza o estilo Belgian Strong Golden Ale. O mel foi cuidadosamente selecionado e na etapa da fermentação ele é uma fonte de açúcar para as leveduras. Os flocos de ouro devem entrar no momento do envase da cerveja, junto com o processo de refermentação na garrafa.

1

Acompanhe o Instagram @aperuadacerveja e fique por dentro dos trabalhos realizados pelo sommelier

­Primeiro, o vinho reinou absoluto no meio das bebidas finas. Agora seria a vez da cerveja? Ambas as bebidas têm papéis importantes na história da humanidade. Atualmente a cerveja está mais em voga porque as pessoas descobriram que é um universo enorme igual o vinho, que vai muito além da cerveja “estupidamente gelada”.

Você vê a cerveja como uma bebida em ascensão no mercado de luxo? Por quê?

A cerveja é versátil o suficiente para ser consumida por todo o tipo de público, entrar em todos os nichos e ocasiões. É um grande elemento para a gastronomia, reconhecida pelos melhores chefs do mundo. É uma bebida alcoólica muito democrática, que não é restringida a condições sociais, disponível para todos os gostos e bolsos. Depois de provar variadas cervejas, é impossível alguém afirmar que não gosta da bebida, a não ser por questões de saúde. Do contrário, foi a pessoa que ainda não encontrou a cerveja ideal para ela.

TAGS: